Mãe relata racismo em escola cívico-militar contra filho de 13 anos no AP: ‘esse cabelo não consegue emprego’ 


Caso aconteceu na escola Professor Antônio Munhoz Lopes, na zona norte da Capital. Rilmara Costa foi chamada pela direção da escola para falar sobre o cabelo do filho. Adolescente de 13 anos sofre racismo pelo tipo do seu cabelo
Arquivo Pessoal/Divulgação
Rilmara Costa usou as redes sociais para contar detalhes do racismo sofrido por seu filho, um adolescente de 13 anos. O caso aconteceu na manhã desta terça-feira (29) na escola Cívico-militar Professor Antônio Munhoz Lopes, no Conjunto Habitacional Macapaba, na zona norte de Macapá.
Até a publicação desta reportagem a Secretária Estadual de Educação (Seed), não tinha se manifestado sobre o assunto. 
Escola Cívico-militar no Macapaba.
Internet/Divulgação
Segundo a mãe, ela recebeu uma solicitação para ir até a direção da escola, e no bilhete não havia informações sobre o motivo da convocação. 
Ao chegar na escola, ela foi surpreendida com a pauta da reunião. O encontro seria para falar sobre o tipo de cabelo do filho – o adolescente tem cabelos cacheados. 
“Falaram que o meu filho estava inventando uma “modinha” indo estudar com o cabelo “daquele jeito” “trançado” [..] Disseram que não iam permitir “isso” lá”, detalhou a mãe. 
Ainda segundo Rilmara, ela questionou o tenente militar responsável pela direção, afirmando que o cabelo do seu filho não era trançado, e sim cacheado. Como resposta, o militar disse que iria “provar” a ela que o cabelo do aluno era trançado. 
“Ele pegou, saiu e foi até a sala do meu filho, pegou ele, e foi para sala que a gente estava conversando. Ele falou: “tá vendo aqui como o cabelo do seu filho é trançado!”, relembrou Rilmara.
A mãe relatou em entrevista ao g1 que ela e seu filho ficaram bastante abalados. De acordo com Rilmara, o tenente afirmou durante a reunião que o adolescente jamais conseguiria um emprego com o cabelo daquela forma. 
“Se ele for procurar um emprego com esse cabelo, não vai conseguir”, teria dito o Tenente. 
Ao chegar em casa, o adolescente ficava repetindo as frases ditas pelo diretor, relembrou a mãe. “Aquela situação me feriu, porém, feriu mais ainda meu filho, que chegou em casa e disse: ‘mãe, a senhora viu que ele falou que se meu cabelo fosse liso ia ser diferente’. Isso ficou instalado na cabeça do meu filho.”
O conjunto habitacional Macapaba fica localizado na periferia da capital e conta com duas escolas, sendo uma delas cívico-militar. Rilmara disse que matriculou seu filho na instituição por admirar o trabalho realizado pela polícia. 
“Quando meu filho entrou nessa escola eu fiquei toda feliz, parecia tudo mágico. Sempre soube das regras, mas não imaginava que o cabelo do meu filho seria um problema”, afirmou. 
Após o ocorrido, a direção da escola deu duas alternativas para mãe resolver a questão: cortar o cabelo do filho ou trocá-lo de escola. 
A mãe decidiu que vai tirar o adolescente da escola, mas ressalta que não é pelo corte de cabelo, mas pela situação pela qual o filho passou. Segundo Rilmara, a escola deu dois dias de prazo para que ela vá até a instituição pegar o documento de transferência. 
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