Professor Rodrigo Monteiro, de 43 anos, junto com outra professora, sofreram ofensas pejorativas por conta de deficiência e obesidade. Caso ocorreu na Escola Estadual Irmã Santina Rioli, em Macapá. O professor Rodrigo Monteiro é paratleta e, membro da Seleção de Vôlei Sentado do Amapá
Rodrigo Monteiro/Arquivo Pessoal
O professor Rodrigo Monteiro, de 43 anos, define a educação como um dos mais importantes instrumentos de transformação social. O educador que atua em salas de aula há 16 anos no Amapá é cadeirante e junto com uma colega professora, que não quiz se identificar, sofreu bullying na Escola Estadual Irmã Santina Rioli, na Zona Sul de Macapá.
Um aluno da escola, que tem 14 anos e está na 9ª ano do Ensino Fundamental, publicou um vídeo e áudio ofensivos em redes sociais e no grupo da turma onde estuda. Na mensagem, o estudante usou termos pejorativos para descrever a deficiência do professor e da estatura e peso da professora, que sofre de obesidade.
O professor informou que ainda no domingo (16), quando tomou conhecimento das publicações, registrou um Boletim de Ocorrência (BO) na Delegacia Especializada de Investigação em Atos Infracionais e junto com a colega de trabalho está abalado pelo acontecimento.
“Hoje vivemos um momento em que a internet parece ser uma ‘terra sem lei’. As pessoas postam e pensam que não podem machucar. Não pensam nas consequências, que podem gerar gatilhos. Isso é um alerta para os pais para estarem mais próximos dos filhos. Acompanhar o que os filhos estão fazendo na internet não é invadir a privacidade”, descreveu o professor.
A vítima de capacitismo informou que o conteúdo estava disponível na rede social há pelo menos 5 semanas. Nesta quinta-feira (20) uma reunião na escola teve a presença dos pais e responsáveis dos estudantes da turma do aluno, além de representantes da escola e do Conselho Tutelar da Zona Sul de Macapá.
A conselheira tutelar Huelma Medeiros informou que a atuação do conselho é orientativa para casos deste tipo, ficando na responsabilidade da escola as medidas administrativas. Uma palestra foi ministrada na instituição sobre o papel dos pais, além do encaminhamento pesicológico para o estudante.
“Fiz a orientação à escola sobre quais os procedimentos administrativos e dentro do regimento interno da escola, como agir em relação à situação apresentada ao adolescente e aos professores. Foi orientado a fala com os responsáveis legais, além do registro do boletim de ocorrência”, informou a conselheira tutelar.
Capacitismo
Professor Rodrigo Monteiro leciona há 16 anos no Amapá
Rodrigo Monteiro/Arquivo Pessoal
O capacitismo é classificado por especialistas como um preconceito dirigido a qualquer pessoa que apresenta uma deficiência, seja física, intelectual ou sensorial. Estão inclusas nessa classificação atitudes negativas, depreciativas e discriminatórias.
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Para o professor Rodrigo Monteiro a ideia de que pessoas com deficiência são inferiores àquelas sem deficiência, tratadas como anormais, incapazes, em comparação com um referencial definido como perfeito, deve ser desconstruído no ambiente escolar.
“A escola é lugar de pluralidade e todos devem ser respeitados independente da religião, cor, raça e gênero. Todos somos iguais perante a Constituição e ninguém é maior ou melhor. A educação é isso, ela prega a pluralidade e a diversidade e esses preconceitos devem ser banidos”, descreveu o professor.
Nota de solidariedade da escola:
“No último final de semana, dois de nossos professores foram surpreendidos por um vídeo postado em uma rede social no qual são ridicularizados por um aluno da escola. A Escola Estadual Irmã Santina Rioli repudia qualquer ato preconceituoso e discriminatório dentro e fora de nossa instituição, independente da forma que seja apresentado.
Não compactuamos com tais atitudes. Por esse motivo, estamos tomando as medidas cabíveis a este fato contidas em nosso Regimento Interno e o caso será encaminhado ao Conselho Tutelar para que tal prática não se multiplique”.
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VÍDEOS com as notícias do Amapá:
Luiz Henrique Silva Teixeira, de 25a
‘Escola é lugar de pluralidade’, diz professor cadeirante que sofreu capacitismo em sala de aula no AP
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