Filha de piloto desaparecido há mais de 4 anos se emociona com resgate de tripulantes encontrados na Floresta Amazônica. Avião que transportava família indígena nunca foi encontrado. Flávia Ferreira Moura, filha do piloto Jeziel Barbosa de Moura
Arquivo Pessoal
Flávia Ferreira Moura, filha do piloto Jeziel Barbosa de Moura que estava no comando de um monomotor que desapareceu na Amazônia em 2018, comemorou o resgate dos sobreviventes da queda do helicóptero esta semana no Amapá. Em junho deste ano o pai foi declarado oficialmente morto pela Justiça.
O pai de Flávia também desapareceu na mesma região quando transportava uma família de indígenas da Aldeia Mataware, entre o Parque Indígena do Tumucumaque, e o município de Laranjal do Jari, no extremo Sul do Amapá.
“Eu sou grata por eles terem tido essa chance, por não ter ocorrido novamente o que ocorreu com meu pai, e por nenhuma família, os familiares dele, terem passado exatamente pelo que eu passei. Então eu fiquei muito feliz por eles”, comemorou Flávia Moura.
Piloto Jeziel Moura, do monomotor que desapareceu na Amazônia – Amapá
Flávia Moura/Arquivo Pessoal
A lembrança da família Moura veio à tona novamente com o desaparecimento do helicóptero contratado pelo Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Amapá e Norte do Pará que decolou por volta das 12h de quarta-feira (16) da base Bona, na Aldeia Maritepu e desapareceu.
Foram 4 dias de buscas e desta vez, o desfecho desse acidente foi o que Flávia desejou para o que tinha acontecido com o pai e os indígenas Tiriyó em dezembro de 2018.
No sábado (19), além da aeronave ter sido encontrada, todos os três tripulantes estavam com vida e passavam bem. O regaste foi possível após os tripulantes enviarem um sinal de fumaça próximo ao Rio Itapuru, ao sudoeste de Pedra Branca do Amapari.
Equipe dentro da mata após pouso forçado
Reprodução/Internet
Ela conta que, na época em que aconteceu o desaparecimento da aeronave, foram 15 dias de buscas pelas autoridades competentes. E por conta da chuva na região, as equipes se dividiram pela manhã ou pela tarde, até chegar o comunicado que ninguém quer ouvir. As buscas foram encerradas por não terem encontrado nenhum vestígio do avião.
“Em junho deste ano pela Justiça meu pai foi declarado oficialmente morto. Em junho recebemos o atestado de óbito por morte presumida. Não foi nada fácil, porém precisamos seguir, até 2 anos após o acidente ainda tinha esperança dele aparecer, achava que estava perdido, porém vai completar 5 anos. Não tivemos nada e nada foi encontrado”, relatou.
Flávia disse também que, quando assistiu a reportagem sobre resgate, passou um filme na memória e mesmo sem notícias positivas sobre o pai, comemorou a notícia dos tripulantes encontrados na floresta.
“Fiquei muito feliz quando encontraram o helicóptero, mas não tinha perdido a esperança. E com a notícia dos pilotos, o vídeo sobre quando ele caiu. Nossa! Quando eu olhei aquele vídeo, eles terem sobrevivido e todos saíram ilesos. Estão bem hoje, estão com suas famílias. Foi um final feliz pra eles, no qual eu também queria muito ter, mas [… ] A vida segue. Sempre tem um anjo da guarda no cada um e o anjo da guarda, eles, protegeu eles. E fiquei aliviada por eles terem sido encontrados com vida. Fiquei muito aliviada.”, ressaltou.
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Aeronave de pequeno porte que desapareceu em 2018 durante viagem entre aldeia e município no Sul do Amapá nunca foi encontrada.
Flávia é a mais nova de três filhos. O piloto que morava em Laranjal do Jari, a 265 quilômetros de Macapá, e é entre a região Sul do Amapá e o Norte do Pará. Ele tinha Moura tem quase 40 anos de experiência na aviação.
A bordo também estava uma família de índios Tiriyó: professor, esposa e três filhos, uma aposentada e o seu genro;
No dia 4 de dezembro de 2018, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) caracterizou como “clandestino” o voo e informou que a aeronave transportava pelo menos sete indígenas. A falta de pistas autorizadas na região e a não comunicação da viagem, segundo a Funai, apontam a irregularidade. Flávia assegurou que o pai estava com as documentações regulares para pilotar.
A ausência de informações sobre a viagem, em plena Floresta Amazônica, fez com que as buscas surtissem pouco efeito por terem acontecido numa área muito extensa, de cerca de 300 quilômetros entre o ponto de partida e o de chegada.
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