Reservatórios para água potável saíram da Região Metropolitana de Macapá neste domingo (11) e vão ser entregues a moradores do Bailique. Governo do Amapá envia 1,3 mil caixas d’água para famílias atingidas por salinização no Bailique
Rômulo Verçosa/Caesa
O governo estadual enviou 1,3 mil caixas d’água a famílias do Arquipélago do Bailique, região no litoral do Amapá atingidas pelo fenômeno de “salinização” dos rios. Os reservatórios vão servir para armazenar água potável antes do verão – estação do ano em que o evento natural se intensifica.
O carregamento saiu do porto do Rio Matapi, entre os municípios de Mazagão e Santana, na Região Metropolitana de Macapá, neste domingo (11).
De acordo com a Companhia de Água e Esgoto do Amapá (Caesa), responsável pela aquisição dos reservatórios e cadastramento socioeconômico dos contemplados, esta é a segunda fase da Operação Bailique. A primeira fase aconteceu em 2022 com a entrega de 700 caixas d’água.
A balsa com o carregamento vai visitar as comunidades que já estão cadastradas e a caesa informou que vai continuar o mapeamento das famílias que ainda não foram comtempladas.
As caixas d’água servem para a estratégia de captação da água da chuva, que é uma das soluções a curto prazo para amenizar os problemas enfrentados pelos moradores da região.
A longo prazo, a Caesa detalhou que testes de tecnologias estão em andamento para resolver o problema de captação, tratamento e distribuição de água em volumes industriais.
“Os fenômenos da salinização dos rios e das terras caídas corromperam os sistemas de água da Caesa que atendiam a população do Bailique. Logo, esse projeto aliado às condições climáticas do local, trará mais qualidade de vida para essas famílias”, disse o diretor-presidente da Caesa, Jorge Amanajás.
Salinização dos rios
Mar avança no Rio Amazonas e ribeirinhos de arquipélago ficam sem água potável
A “salinização” ocorre quando a água salgado do oceano avança sobre o rio. Trata-se de um fenômeno natural que não é novidade no arquipélago no segundo semestre do ano, mas tem que se tornado cada vez mais severo nos últimos anos.
Segundo a prefeitura de Macapá, quase todas as 50 ilhas estavam com as águas salobras em outubro de 2021. Por isso, o governo decretou calamidade pública e a prefeitura, estado de emergência.
Salinização do Rio Amazonas dificulta o acesso de moradores à água potável
Josinaldo Souza/Arquivo Pessoal
O doutor em geologia marinha, Admilson Torres, do Iepa, explica que a salinização acontece porque no período de estiagem há pouca presença de chuvas, o que diminui o volume do rio e, assim, possibilita que a água salgada do mar invada o continente.
“Esse fenômeno é típico e natural de foz de rios que estão muito próximos do oceano, então acontece. Só que ele é muito mais evidenciado quando os períodos de chuvas são menores. Então você pode ter um avanço das águas do oceano em direção ao interior do continente, nesse caso a foz do Amazonas”, disse.
O pesquisador lembra ainda que a mudança na frequência do fenômeno pode estar relacionada à poluição e ao desmatamento ambiental.
“É um processo natural, mas é evidente que a ação humana também interfere. A ocupação desordenada, a derrubada da mata auxiliar também colabora com isso. Além desse processo, nós temos o assoreamento do Rio Araguari. Isso impediu que uma parte da água doce do continente chegasse no oceano e fosse desviada para uma outra área, então ele [o oceano] está percorrendo um canal onde essa água chega no Bailique”, detalhou Torres.
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Governo envia 1,3 mil caixas d’água a famílias atingidas por salinização dos rios no Amapá
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