Raio X da violência: racismo, feminicídio e crimes contra pessoas LGBTQIA+ crescem no AP em 2022


Dados foram divulgados nesta quinta-feira (20) no 17º Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Estado também apresentou maior índice de mortes violentas do país. Amapá teve redução de 10,9% no número de registros de violência doméstica com lesão corporal dolosa
Pedro Guerreiro/Agência Pará
O Amapá apresentou aumento no número de registros de crimes contra pessoas LGBTQIA+, racismo e feminicídio. Os dados foram divulgados esta semana no 17º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
Um dos números que mais chamaram a atenção foram os de racismo, com 98% de aumento, e feminicídio, com 98,5%. O estado liderou em 2022 o número de mortes violentas no país, com taxa de Mortes Violentas Intencionais (MVI) de 50,6 por cada 100 mil habitantes, mais do que o dobro da média nacional (23,4).
Amapá tem maior taxa de mortes violentas e por intervenções policiais do país em 2022
Amapá tem maior taxa de violência do Brasil
Camila K. Ferreira / g1
O estudo divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) foi realizado a partir de dados das Secretarias Estaduais de Segurança Pública e/ou Defesa Social e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Estão incluídas nesta categoria criada pelo FBSP as vítimas de homicídio doloso (incluindo feminicídios e policiais assassinados), roubos seguidos de morte, lesão corporal seguida de morte e as mortes decorrentes de intervenções policiais.
Racismo e injúria racial
Os casos de racismo tiveram aumento de 98,5%, segundo o anuário. Em 2021 foram registrados 19 casos, enquanto que em 2022 ocorreram 38 registos.
As ocorrências de injúria racial foram no caminho inverso, com redução de 26,%. Em 2021 houve o registro de 141 casos, enquanto que no ano passado foram 105.
De acordo com o artigo 140, parágrafo 3º do Código Penal, injúria racial se refere a ofensa à dignidade ou decoro utilizando palavra depreciativa referente a raça e cor com a intenção de ofender a honra da vítima.
O delito diferente do racismo, que é aplicado quando a ofensa discriminatória é contra um grupo ou coletividade. Por exemplo, impedir que negros tenham acesso a estabelecimento comercial, privado etc.
Feminicídio e tentativas de feminicídio
Em 2021 foram 4 feminicídios no Amapá, e 8 no ano passado, um aumento foi de 98,5% no estado. Já as tentativas de homicídio também disparam com 56% na taxa de registros. Os registros saltaram de 28, em 2021, para 44 no ano passado.
O número de registros de violência doméstica com lesão corporal dolosa (intencional) reduziu de 1.255, em 2021, para 1.127 em 2022. Redução de 10,9%.
Líder na taxa de letalidade em intervenções policiais
Letalidade Policial
Camila K. Ferreira/g1
Em relação às mortes decorrentes de intervenções policiais, o número de casos chama atenção no Amapá. Foram 122 mortes em 2022, o que representa uma taxa de 16,6 por 100 mil habitantes.
Esta é a maior taxa proporcional do Brasil seguida do estado da Bahia, com taxa de 10,4 por 100 mil, e do Rio de Janeiro, com taxa de 8,3 por 100 mil.
Em números absolutos, foram 6.430 mortes em intervenções policiais. O estado com mais mortes em intervenções policiais é a Bahia, que registrou 1.464 mortes, seguido pelo Rio de Janeiro, com 1.330 mortes, e o Pará, com 621 casos.
Aumento de registros de stalking
Sul de Minas registra quase 1/5 de todas as ocorrências de ‘stalking’ em Minas Gerais
Reprodução EPTV
O crime “stalking” (perseguição, em inglês), o ato definido agora por lei que consiste em seguir alguém reiteradamente e por qualquer meio, ameaçando a integridade física ou psicológica da vítima ou invadindo sua liberdade ou privacidade, também registrou um aumento segundo os dados do Anuário.
De 2021 para 2022, o número de casos no Brasil aumentou de 30.783 para 53.918, uma variação de 75%. No Amapá, os números passaram de 557, em 2021, para 761 em 2022.
Crimes contra pessoas LGBTQI+
Lesão corporal: aumento de 19%
2021: 21 casos
2022: 25 casos
Estupro de pessoas LGBTQI+: redução de 28%
2021: 7 casos
2022: 5 casos
Estupros e assédio sexual
Estupro: redução de 15%
2021: 181
2022: 155
Estupro de vulnerável: aumento de 7,9%
2021: 435
2022: 473
Assédio sexual: aumento de 47%
2021: 66 casos
2022: 98 casos
Importunação sexual: aumento de 2,2%
2021: 148 casos
2022: 153 casos
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