Amizades marcam criação do maior bloco de sujos do Norte: ‘A Banda’ faz parte da história do AP 


Criada na década 60 a partir da amizade de José Figueiredo de Souza, o Savino, e outras personalidades do Estado, neste ano a folia que percorre as ruas da capital na terça-feira de carnaval completa 59 anos.  Registro da passagem do bloco pelas ruas de Macapá em 2023
Rafael Aleixo/g1
Entre os amapaenses, não há outra pedida na tradicional terça-feira de carnaval. Ainda nas primeiras horas do dia, os foliões já se preparam para desfilar pelas ruas de Macapá na ‘A Banda’. O bloco criado na década de 60, há 59 anos, nasceu de um movimento de resistência e amizade entre personalidades irreverentes do Amapá. 
Carnaval 2024: bloco ‘A Banda’ estima reunir cerca de 150 mil pessoas em Macapá
Entre os fundadores está José Figueiredo de Souza, carinhosamente chamado de Salvino. Ele relembra como tudo começou. “Fomos reunindo e o movimento foi aumentando e estamos aqui até hoje. A Banda faz parte da história do Amapá, ela é do povo! Sinto a alegria disso, nós sabemos levar a alegria para a população”, destacou. 
Na época, na rádio, tocava a clássica música de Nara Leão, “A Banda”, a qual carinhosamente também nomeia o bloco. 
Savino, Amujacy Borges Alencar, Jarbas Gato, Zequinha do Cartório e outros amigos, como bons amantes de carnaval, resolveram sair pelas ruas da capital ao som da canção que fala sobre a energia contagiante do mês de fevereiro. 
Salvino e Helder Carneiro, fundadores do bloco
Arquivo pessoal/A Banda
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Ainda nos primeiros anos de criação, o bloco teve que ser resistente. A manifestação gerou preocupação por parte dos militares. Afinal, ele foi criado na década de 60, momento marcado pela censura política no Brasil.
A música que intitula o bloco acompanha versos que, para aquela década, eram considerados ofensivos aos militares. 
“Mas para meu desencanto o que era doce acabou. Tudo tomou seu lugar depois que a banda passou e cada qual no seu canto, em cada canto uma dor depois da banda passar cantando coisas de amor”, diz a canção
Segundo Helder Carneiro, um dos membros do bloco, quando o grupo pensou em passar pela tradicional  Avenida FAB, os militares fecharam o trecho em frente ao antigo Palácio do Governo, com medo de uma revolta por parte dos foliões. 
“Na época, os militares tinham medo de uma revolta que ameaçasse o poder, então, como o bloco vinha com o nome ‘A Banda’, em homenagem à música da Nara Leão, os soldados fecharam o trecho onde hoje fica a sede do Ministério Público, na Avenida FAB. Na época, isso foi o gás que o bloco precisava, eles bateram o pé e disseram: ‘pois ano que vem nós vamos sair de novo’, e isso já dura 59 anos”, relembra Helder Carneiro.
Quem são os bonecos da A Banda? 
Conheça a criação dos bonecos
José Lima/Arquivo g1
Além das fantasias criativas das pessoas que acompanham o bloco, os bonecos gigantes são uma atração à parte na terça-feira de carnaval. 
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O primeiro boneco criado foi na verdade uma figura feminina, a ‘chicona’. Ela foi uma enfermeira muito conhecida na década de 1960, e sua boneca foi levada em uma das edições por um folião conhecido como Cutião, que todos os anos estava no bloco. 
“Depois disso, surgiram outros bonecos, como o Anhanguera, que homenageia Wanderlei, antigo folião. Ele vinha sempre da Jovino Dinoá e encontrava a Chicona na esquina da escola Alexandre Vaz Tavares. Lá, o professor Munhoz uma vez decidiu casar os dois, que tiveram um filho: o Sacaca, o terceiro boneco”, relembra Helder. 
Desta união, outros filhos nasceram. Atualmente, o bloco conta com nove bonecos. Para caracterizar cada personagem é gasto cerca de R$8 mil reais, por isso Salvino brinca: “Ter filho é muito caro, então operamos a Chicona”. 
Em 2024, A Banda sai na terça-feira (13) e pretende arrastar estima reunir cerca de 150 mil pessoas em Macapá.
Passagem do bloco pelas ruas de Macapá em 2023
Rafael Aleixo/g1
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