Em entrevista a podcast, presidente do Ibama afirmou que estatal previu posto para atender possíveis acidentes ambientais distante 43 horas de local indicado para perfuração. Presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, durante entrevista a podcast neste sábado (20)
Reprodução/YouTube
O presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, afirmou neste sábado (20) que o órgão não toma decisões “por pressão política” ao comentar a negativa ao projeto da Petrobras de explorar petróleo no litoral do Amapá, na bacia da foz do rio Amazonas.
“O Ibama é uma instituição de estado, então não toma decisão por pressão política. O Ibama é um órgão técnico. O Ibama sofreu muita ingerência política nos últimos quatro anos e eu me senti muito à vontade para tomar essa decisão. É uma decisão amparada pelo corpo técnico do Ibama”, disse.
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A afirmação foi feita em entrevista ao podcast Sons da Terra durante o congresso Avistar, de observação de aves, cuja edição de 2023 ocorre em São Paulo entre sexta-feira (19) e domingo (21).
No começo de maio, um parecer do instituto recomendou que o governo negasse a autorização para exploração de petróleo na costa do Amazonas. Na noite de quinta (17), seguindo o entendimento do documento, o Ibama então negou a licença para a Petrobras iniciar a perfuração de teste na bacia.
Rodrigo Agostinho
Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
Durante a entrevista deste sábado, Agostinho revelou que um dos motivos que levaram o órgão a barrar o projeto foi a previsão da Petrobras de manter em Belém um posto de atendimento para casos de acidentes ambientais. Segundo ele, o local fica a 43 horas do ponto que seria perfurado.
“Nós estamos falando de uma área que está a 839 quilômetros de Belém. De barco veloz, nós estamos falando em 43 horas de barco para sair de Belém e chegar nesse ponto. Então um eventual acidente, dependendo da corrente, ou chegaria na Guiana Francesa ou na costa francesa muito rapidamente”.
O presidente do Ibama ainda afirmou que, do ponto de vista técnico, o pedido da Petrobras não “para de pé”, mas que a estatal pode apresentar novas requisições que serão avaliadas.
“A gente recebeu a informação de que a Petrobras está pedindo a reconsideração da decisão, mas obviamente ela, como empreendedora, pode apresentar um novo pedido de licenciamento e será analisado pelo Ibama. O Ibama nesse ano já emitiu 21 autorizações para a Petrobras, o ano passado foram 53 autorizações. Todo o dia o Ibama está licenciando alguma coisa da Petrobras, mas em áreas que demonstram viabilidade”.
‘Ibama não discute política energética’
Agostinho afirmou, ainda, que “poderia estar falando a favor ou contra o petróleo, mas o Ibama não discute política energética”.
“Tem outros órgãos do governo que discutem política energética. A gente se debruça sobre o caso concreto, e o caso concreto é que explorar petróleo naquela região, da forma como foi apresentado, não parou de pé até agora”, completou.
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