Pesquisa encontra peixes contaminados por mercúrio em feiras do Amapá


Estudo avaliou 114 exemplares de peixes de 27 espécies em Macapá e Oiapoque. Mercúrio é utilizado em garimpos para a separação do ouro de outros sedimentos. Amapá possui 11,40% de peixes contaminados por mercúrio, com níveis superiores ao limite recomendado
Bacabeira Audiovisual/Divulgação
Uma pesquisa identificou que mais de 21% dos peixes consumidos na Amazônia têm níveis de mercúrio acima dos limites seguros. No Amapá, o estudo avaliou 114 exemplares de peixes de 27 espécies nos municípios de Oiapoque e Macapá.
O estado apareceu com 11,40% no índice de peixes contaminados pelo metal com níveis superiores ao limite recomendado. A Organização para Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO/WHO) e a Agência de Vigilância Sanitária brasileira estabelecem teor de 0,5 micrograma por grama.
Peixes consumidos pela população em 6 estados da Amazônia têm contaminação por mercúrio, indica estudo
A pesquisa avaliou peixes comercializados em mercados, feiras e pontos de desembarque pesqueiro, e depois produziu uma média.
O estudo foi realizado por pesquisadores da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz (Ensp/Fiocruz), da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Greenpeace, Iepé, Instituto Socioambiental e WWF-Brasil.
De acordo com Decio Yokota, coordenador de gestão da informação do Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (Iepé), a contaminação chegou até a mesa do consumidores amapaenses.
“Esse estudo vem corroborar com o resultado de outros já feitos ao longo de décadas no estado, mostrando que infelizmente o pescado tá contaminado em consequência do uso do mercúrio nos garimpos no interior do Amapá. O que esse estudo traz agora é que essa contaminação não se restringe só ao interior”, explicou o coordenador.
Pesquisadores avaliaram 114 exemplares de peixes de 27 espécies
Maria Silveira/Iepé
Os índices mais elevados de contaminação mostraram que os peixes carnívoros são os mais vulneráveis, por se alimentarem de outras espécies que podem estar contaminadas.
“Existem muitas áreas de garimpo no Amapá. Algumas históricas com décadas de exploração e isso traz muita preocupação sim, porque todos esses garimpos utilizam mercúrio pra separação do ouro, e esse mercúrio tem afetado os cursos d’água e contaminando os peixes, que estão chegando na mesa dos amapaenses”, disse Yokota.
No estudo foram incluídos dados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima.
Pesquisa avaliou peixes comercializados em mercados, feiras e pontos de desembarque
Bacabeira Audiovisual/Divulgação
Média de peixes contaminados pro estado:
Acre: 35,90%
Amapá: 11,40%
Amazonas: 22,50%
Pará: 15,80%
Rondônia: 26,10%
Roraima: 40%

Riscos à saúde
A presença do mercúrio no organismo humano pode causar problemas de saúde que afetam o sistema nervoso, sendo mais grave o consumo por grávidas, por sua interferência na saúde do bebê, e para crianças.
No organismo, o mercúrio pode causar graves problemas de saúde que afetam o sistema nervoso (potencial neurotóxico). O metal líquido fica retido no organismo devido à capacidade de bioacumulação. Além disso, a concentração aumenta em cada nível da cadeia alimentar.
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