Monitor da Violência: número de assassinatos no AP sobe 87% no 1º trimestre em comparação com 2022, maior alta do país


Estado registrou 101 mortes até março deste ano contra 54 no mesmo período de 2022. No ano passado, o Amapá foi destaque positivo com maior queda anual. Arma apreendida durante ocorrência policial em Macapá, no Amapá
DRPI/Bope/Divulgação
Com a maior alta do país, o Amapá registrou 101 assassinatos no primeiro trimestre deste ano, contra 54 no mesmo período do ano passado, o que representa um aumento de 87%. O dado vai na contramão dos números positivos registrados no ano passado: o estado havia registrado a maior queda anual no número de assassinatos no país.
O g1 questionou o governo do Amapá sobre a alta de 87%. O órgão ainda não havia respondido até a última atualização desta reportagem.
Estão contabilizadas no número as vítimas dos seguintes crimes:
homicídios dolosos (incluindo os feminicídios)
latrocínios (roubos seguidos de morte)
lesões corporais seguidas de morte
Já em 2021, houve uma alta de 19%. O sobe e desce no estado está relacionado à dinâmica do crime organizado na região: quando as disputas entre facções de intensificam, a violência aumenta; quando há períodos de tréguas, a violência diminui.
O Região Norte apresenta os maiores índices de crescimento e queda no número de assassinatos. O estado de Roraima teve a maior queda, com 23,8%.
Os números foram particularmente altos no estado em janeiro e fevereiro. Em janeiro, por exemplo, foram 40 mortes violentas — sendo que, em janeiro do ano passado, foram apenas 19.
No dia 10, a região Metropolitana de Macapá registrou cinco assassinatos em apenas três horas. O próprio governo afirmou que os crimes foram resultados de uma guerra entre duas facções que se dividiram no início do ano e passaram a disputar pontos de tráfico de droga.
Secretaria de Segurança Pública do Amapá. O próprio governo afirmou em janeiro que aumento de violência no estado estava ligado a uma disputa entre facções criminosas.
Victor Vidigal/G1
“A gente sabe que são crimes encomendados, são direcionados, são execuções mesmo, briga por espaço, briga por pontos de tráfico de drogas”, disse na ocasião o então secretário interino da Secretaria de Estado da Justiça e Segurança Pública, José Mont’Alverne.
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Secretaria de Segurança Pública do Amapá. O próprio governo afirmou em janeiro que aumento de violência no estado estava ligado a uma disputa entre facções criminosas.
As mortes seguiram nas semanas seguintes. Poucos dias depois, no dia 14, mais quatro homicídios com características de execução foram registrados. Já na madrugada do dia 23, outras quatro pessoas foram mortas em menos de oito horas.
A violência apenas voltou a um patamar mais próximo ao do ano passado em março, quando foram registrados 19 assassinatos (foram 14 em 2022). Mesmo assim, estes números representam uma alta de mais de 35%.
Assassinatos no Brasil
O número de assassinatos continua em queda em 2023, segundo o índice nacional de homicídios criado pelo g1, com base nos dados oficiais de 26 estados e do Distrito Federal.
Foram 10,2 mil assassinatos nos três primeiros meses deste ano, o que representa uma baixa de 0,7% em relação ao mesmo período do ano passado.
Segundo especialistas do FBSP e do NEV-USP, o menor número de mortes é motivado por um conjunto de fatores, incluindo: mudanças na dinâmica do mercado de drogas brasileiro; maior controle e influência dos governos sobre os criminosos; apaziguamento de conflitos entre facções; políticas públicas de segurança e sociais; e redução do número de jovens na população.
Os dados do primeiro trimestre de 2023 apontam que:
houve 10,2 mil assassinatos nos primeiros três meses deste ano, pouco mais de 70 mortes a menos que no mesmo período de 2022;
na contramão do país, 14 estados registraram alta nas mortes;
já outros 13 tiveram queda nos registros;
Roraima teve a maior queda: 23,8%;
Amapá teve o maior aumento nos crimes: 87%;
todas as regiões do país tiveram queda de assassinatos, com exceção do Sudeste.
O levantamento, que compila os dados mês a mês, faz parte do Monitor da Violência, uma parceria do g1 com o Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Tendência de queda nacional
Mesmo com os aumentos pontuais de violência em alguns estados, a queda no primeiro trimestre de 2023 aponta que o país está seguindo a mesma tendência nacional de 2022 e dos últimos anos, de diminuição gradual dos indicadores.
Índice nacional de homicídios
A ferramenta criada pelo g1 permite o acompanhamento dos dados de vítimas de crimes violentos mês a mês no país. Estão contabilizadas as vítimas de homicídios dolosos (incluindo os feminicídios), latrocínios e lesões corporais seguidas de morte. Juntos, estes casos compõem os chamados crimes violentos letais e intencionais.
Jornalistas do g1 espalhados pelo país solicitam os dados, via assessoria de imprensa e via Lei de Acesso à Informação, seguindo o padrão metodológico utilizado pelo fórum no Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
Os dados coletados pelo g1 não incluem as mortes em decorrência de intervenção policial. Isso porque há uma dificuldade maior em obter esses dados em tempo real e de forma sistemática com os governos estaduais. O balanço fechado do ano de 2022 foi publicado em maio.
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